POR RACHEL LIMA
Da mesma autora de Hell – Paris 75016, ‘Cidade da Penumbra’ foi lançado este ano pela Intrínseca, aqui no Brasil. O livro é dividido em cinco partes, que acompanham toda a busca e as descobertas de Syd Paradine.
O suicídio de Colin Parker. O incêndio do Innocence. O grande apagão. Charles Smith. Blue Smith. A SPI, instituição ‘preventiva suicídios’. Prostuição. Drogas. Um ambiente caótico e futurista. Clair-Monde – a cidade ideal. Felicidade garantida. Direito à beleza. Tecnologia para todos.
Em Clair-Monde, vocês veriam a cidade onde tudo é liberado. Você tem o que precisa para viver sua vida como quiser, desde que tenha sua conta bancária, seu rastreador e faça suas confissões e… permaneça alienado.
Syd é um tira que parece não se conformar – como todas as pessoas – com isto. E cada mínima investigação parece levá-lo a um buraco mais fundo e mais fundo. Todo o seu raciocínio o leva para as fraudes, traições, evidências de que a Cidade é um fato mais complicado e difícil de se explicar do que ele imaginava. Ou mais fácil?
Bem-vindo à cidade da penumbra! Todos têm direito à Beleza, à Juventude, ao Conforto Mínimo. Syd Paradyne, tira da série B, barba de dois dias, alcoólatra, investiga o suicídio de um obeso. O sol não aparece há muito, muito tempo. A corrupção reina. Aparece uma garota linda e estigmatizada. Blue tem olhos azul-metálicos e segredos inconfessáveis: É uma possiblidade de amor em um mundo sem esperanças.
A história em si é brilhante, a realidade que ela criou é muito inteligente e foi muito bem construída. Nos faz questionar a nossa sociedade e nosso modo de vida atual. Nosso consumismo, nossa ditadura da beleza e esta insistente tendência ao conformismo. Em toda a história, você pode acompanhar a confusão de Syd de perto, como se você estivesse no lugar dele e se perguntasse: ‘E agora?’.
Lolita Pille mostrou no livro a sociedade utópica baseada na hiperdemocracia – uma espécie de reflexo do nosso futuro.
Apesar disto, a escrita dela não me agradou muito. Por vezes eu achei que a leitura foi cansativa; além de me deixar perguntando onde estaria o encadeamento da história. Porém, o livro continua instigando o suficiente para te fazer querer ler até o fim. As perguntas sem resposta, as respostas soltas e os problemas de Syd; tudo isto te faz querer terminar logo para saber o que vai acontecer.
“Cidade da Penumbra é um retrato muito bem-acabado do consumismo e do endividamento bancário, do uso indiscriminado de remédios e drogas e da ditadura da felicidade a qualquer preço. Ao lidar com esses temas que já assombram o presente, Lolita Pille cria polêmica e aborda o totalitarismo, o racismo, a desinformação, a vigilância big brother, as cibertecnologias e assim, mais uma vez, desafia convenções.”
TÍTULO ORIGINAL: Crépuscule Ville
AUTORA: Lolita Pille
EDITORA: Intrínseca
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